Nós precisamos falar sobre Itaberli Lozano, de 17 anos. Você sabe de quem estou falando? Provavelmente não, mas eu vou te contar.
Aos 17 anos, infelizmente, estamos em uma idade que costumamos estar em crise conosco. Muitos, muitas vezes entram em conflitos com os pais, o que é enormemente comum e, sinceramente, atemporal: convivência gera conflito e, não sabendo trabalhar isso, os conflitos se estendem - afinal, pessoas pensam diferente (e ainda bem).
Itaberli recentemente mudou para casa da Avó paterna, devido aos conflitos em casa - morava com a mãe, o padrasto e o irmão. Com esse problema de convivência, Itaberli decidiu começar a trabalhar e ter seu próprio dinheiro, uma atitude super sóbria e responsável para um adolescente nessa idade. Também é a idade dos relacionamentos, e o pessoal não gostava que ele levasse os relacionamentos dele pra casa.
Sabe o que aconteceu? No dia 29 de Dezembro a mãe dele o chamou em sua residência, tiveram uma briga e misteriosamente ela usou 3 facas como legítima defesa dele que, segundo ela mesma, estava sentado no chão sem objeto algum (talvez ele a atacasse por telepatia, né?). A mãe dele o matou. Enrolou em um pano. E com a ajuda do padrasto levou a um canavial e carbonizou o menino pra não deixar rastros.
É um absurdo um ser humano acabar com a vida de outro. É um absurdo uma mãe acabar tão friamente com a vida do seu filho e ainda carbonizar o corpo para que ninguém perceba que poderia ter sido ela. Um absurdo infinito.
Piora se eu te falar que, ao invés das pessoas estarem defendendo Itaberli, estão defendendo a mãe? Falaram que foi legítima defesa de um menino que, segundo a assassina, estava desarmado. A assassina colocou a desculpa nas drogas também, coisa que a gente nunca vai saber se ele usava realmente, pois ela colocou fogo no corpo do próprio filho e também não justifica ABSOLUTAMENTE NADA - ela matou o filho dela, ela e o marido são culpados, não a vítima.
Sabe de mais uma coisa? A mãe era super religiosa. No Facebook está cheio de mensagens de Deus, fotos com os filhos e o marido. Esquisito, não sou a mais beata, mas Jesus não dizia para amarmos uns aos outros, para amarmos o próximo?
Ah, eu esqueci de falar uma coisa, que pra mim é irrelevante, mas pra mãe dele não foi.
Itaberli era gay.
- Se a sua opinião mudou com essa informação e você acha que ela passou a fazer certo, você é um monstro tal qual uma mãe que assassina seu próprio filho.
- Se você fala que homofobia não existe, você é cego, surdo e talvez deva rever alguns conceitos.
Se você não é religioso, um ser humano inocente foi assassinado. Não podemos deixar que Itaberli seja esquecido.
Se você é religioso, Jesus só pediu para amarmos o próximo, sem escolher o próximo. Mesmo se o próximo for homossexual, transexual, negro, indígena, mulher,... Mesmo se o próximo for diferente do que a sua cultura te induziu que era certo.
Não é possível que um cara que possui tantos seguidores (os cristãos são 32% do mundo e Jesus é aceito até pelo Al Corão dos mulçumanos que são outros 23% do mundo) fosse preconceituoso com alguém.
Itaberli, 17 anos, assassinado a facadas pela mãe, carbonizado pelo padrasto, injustiçado pela sua sexualidade.
Onde quer que você esteja, só saiba que você não era uma aberração do mundo por ser homossexual. Você era um adolescente normal.
Anormal é sua mãe que mata um filho. Anormal é essa gente preconceituosa.
13 de Janeiro de 2016
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