domingo, 22 de janeiro de 2017

A Grande Família

A Grande Família dos "Amorzinhos da Vó Laura".

Hoje li em alguns lugares sobre o feriado parecer um dia normal, por ser domingo. 2016 foi amargo até nisso, e ainda se repetirá em um ano novo extremamente esperado, tendo em vista a catástrofe que foi esse ano (um pouquinho para cada um de nós).
Mas quem é filho, neto, bisneto ou agregado a qualquer um dessa linha sucessória da Vó Laura jamais acha o Natal apenas mais um dia. Independente de crenças, o natal, pra quem cresceu assim, sempre foi um evento!
Dos 6 filhos ainda vivos e mais 8 agregados, os 14 estavam lá.
Dos 16 netos, 15 apareceram em algum momento. Dos 12 agregados a esses, 7 acompanharam.
Entre os 11 bisnetos, 9 apareceram e os 2 agregados foram.
Mais 9 pessoas que são de alguma forma agregados aos agregados.
Continha rápida, da nossa capacidade total (55) passaram de lá 47 pessoas. Mais 9, 56. Mais ela, 57.

Ela, que tem seu reinado silencioso, simples e a seu tempo. Tive a oportunidade de dizer à ela, aos seus 92 anos lúcidos e sem óculos, com sua dificuldade de escutar, que era um presente tê-la conosco. Ela sorriu, como quem agradece, mas não teve dimensão de sua grandeza.
Não há medicina que traga, com nossos péssimos hábitos de vida, muitos avós lúcidos aos 92 anos. Não existem mais famílias com 8 irmãos entre as bases dos tios. Dificilmente se coleciona 16 primos de um lado só da família. Temos que focar tanto em nossos empregos que cada vez temos filhos mais tarde e teremos cada vez menos bisnetos. Natais são cada vez menores e mais silenciosos, cada vez mais tratados como obrigação em outros lugares.
Não é pela comida ou pela crença. É por terem jogado 3 gerações na piscina. É por levar bronca da vó na hora da oração por ter pulado o "santo anjo". É por ver que ela presta mais atenção que todos e estava preocupada se as crianças estão bem na piscina. É por ver bisneto da sua vó dirigindo e fazendo Engenharia na UEM, e por outro lado ver bisneto da sua vó aprendendo a falar, chamando ela de bisa (nos seus 90 anos de diferença) e aprendendo a falar "tuco" (enquanto o avô o ensina pacientemente a jogar truco e ele finge que entende). É por ter gente que viaja 7h e despenca do Paraná só pra viver isso. É por ter a família mais biruta possível, que a gente briga, mas estamos cansados de saber que nos amamos.
Antes de ir, em alguma de nossas conversas, falei que eu demoraria muito pra casar (acho que na minha idade ela ja tinha uns dois filhos), mas que ela tinha que aguentar para ser daminha de honra do meu casamento. Ela respirou fundo, me perguntou "será?" como quem duvida e eu sorri como quem quer que ela viva pra sempre.
É um privilégio poder viver entre a Grande Família dos Amorzinhos da Vó Laura. É um presente tê-la conosco e poder dizer isso a ela em meio a tanta gente.

Natal de 2016

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